Por onde passa a reinvenção da escola?
Tenho feito recentemente algumas escritas e algumas falas como o tema: Quem vai reinventar a escola depois dessa pandemia? Em alguns momentos me perguntam, será que é mesmo necessário se reinventar?
Este texto pretende responder essa pergunta para aqueles que me questionam e para mim mesma, visto que não estamos num tempo de certezas.
Quando deixamos a escola, antes do isolamento, ela estava bem? Quer dizer todos os alunos estavam aprendendo, todos estavam frequentando a escola, e a gente sabia claramente o que faltava para cada um e tínhamos planos de como alcançar aqueles estudantes que poderiam ainda precisar de acompanhamento? Eu digo TODOS porque, algumas vezes, as pessoas nas escolas consideram tudo bem haver uma quantidade de alunos que não aprendem, quase como um desvio aceitável no padrão. Se na sua escola, na minha escola, já tínhamos alcançado esse bem, quando retornarmos, não teremos mais essa certeza. Então teremos que olhar para frente e reinventar a escola, aprendendo tudo de novo quem somos e quem são as crianças e os jovens que voltarem conosco.
Se ainda não tínhamos alcançado esse Bem, teremos agora outro panorama para reconhecer e uma nova chance de fazer de novo e melhor.
Sabemos que a escola pública no Brasil não está sendo suficiente para cumprir com o seu papel e garantir o direto de aprender a todas as crianças e jovens do país. Não sou eu que digo isso, dizem as estatísticas, os estudos e a realidade que bate na nossa porta. Também não sou eu que digo que a responsabilidade por esse fracasso se coloca sobre toda a sociedade brasileira, sobre a falta de valor que a escola tem como instituição que deveria formar os cidadãos, sobre um projeto de poder excludente e sobre os indivíduos que vivem esta escola e, de alguma maneira, só querem, ao final do dia, sobreviver a ela.
O que eu digo é que a reinvenção da escola passa por cada um compreender o seu pequeno poder e também compreender sua responsabilidade. Nós, professores, gestores, funcionários de escola, temos o poder de reinventar nossa escola, aquela que nós trabalhamos, mesmo com pouco ou nenhum investimento. Quando todos os professores compreenderem o poder do trabalho coletivo dentro da sua escola, o poder da colaboração, do entendimento, do compartilhamento de sucessos e fracassos, cada escola vai fazer sua própria reinvenção.
Depois disso, depois de nos reinventarmos, de reinventarmos nossa escola, é dever de cada um olhar para o entorno e estender a mão para quem está sozinho. Todos, de mãos dadas, é que vão fazer a diferença. Não se trata de quantas gotas eu jogo no oceano, mas também quantas outras pessoas eu convenci a me ajudar na tarefa.
Agora, durante a escola remota do isolamento, parece que estamos reinventando a escola, mas não, estamos apenas descobrindo novos jeitos de transmitir informação. A verdadeira reinvenção teremos que fazer quando voltarmos. Teremos que pensar em tudo o que estamos querendo ensinar e o que os estudantes estão realmente precisando, querendo. Essa escola reinventada vai ter que dar mais espaço para a autoria, para o protagonismo, para a autonomia.
Já perdemos muito tempo cultuando a frase "no meu tempo...". Nosso tempo é agora e precisamos aprender a viver esse agora e fazer esse futuro junto com as crianças e os jovens.
A reinvenção da escola passa pelo trabalho coletivo, pela autoria, pela pesquisa, pelo compartilhamento de informações, de afetos, de sucessos. Passa pela democracia, pela inclusão e pelo respeito.
A escola precisa de cada um de nós para poder se reinventar, e nós precisamos uns dos outros para sustentar e abrir o caminho.
Esse texto parece autoajuda, e é, porque eu escrevo mesmo é para me ajudar e espero que me ajudando, ajude outros a compreender que existe sim um espaço de ação em cada lugar que estamos.
Vamos de mãos dadas pela educação!
De mãos dadas o caminho fica mais seguro, leve e alegre. A utopia é estender a mão e sempre ter alguém que a aperte.
ResponderExcluir